quinta-feira, novembro 15, 2007

ÓLEOS - VERDADEIROS OU FALSOS

A colheita da planta e a forma de extracção do seu óleo interferem fortemente na composição química final do seu produto, portanto é de suma importância tomar conhecimento destes factores de modificação. Ter à disposição do seu fornecedor a análise química dos seus óleos é a melhor garantia de se estar adquirindo um produto natural e inclusive poder saber qual variedade de quimiotipo (variação química) que está a comprar

Os óleos variam de composição de acordo com clima, região, tipo de solo, época do ano, etc, o que também poderá, conforme o caso, diferenciar em muito suas aplicações. Por exemplo, se a camomila (Matricaria chamomilla) for colhida pela manhã, o seu óleo possuirá altos teores em alfa-bisabolol, seu principal princípio ativo como anti-inflamatório. Porém se colhida ao fim da tarde, encontrar-se-ão somente vestígios de alfa-bisabolol no seu óleo. A adulteração (e mesmo a falsificação) de óleos voláteis já é conhecida desde os tempos mais antigos, talvez até desde a época dos ditos "alquimistas". Além da fraude evidente ao consumidor, dependendo do tipo de falsificação, esta pode acarretar consequências negativas para a saúde do usuário e, portanto, especial atenção deve ser reservada a esse tipo de problema.

Tipicamente, os seguintes procedimentos são usados para falsificar óleos voláteis:
- Adição de compostos sintéticos, de baixo preço, tais como álcool benzílico ou octílico (de cereais), ésteres do ácido ftálico, propilenoglicol e até hidrocarbonetos clorados;
- Mistura do óleo volátil de qualidade com outros óleos de menor valor para aumentar o rendimento;
- Adição das substâncias sintéticas que são os compostos principais do óleo em questão;
- Falsificação completa do óleo através de misturas de substâncias sintéticas dissolvidas num veículo inerte.

Mas, mesmo com estas dificuldades na diferenciação dos produtos, alguns factores podem ser observados no acto da aquisição de óleos essenciais:

1. Um óleo essencial jamais será vendido em vidro transparente, pois em contacto com a luz oxida-se com facilidade, perdendo então suas propriedades terapêuticas. Ao ser adquirido deve estar conservado em frascos de cor âmbar ou azul-cobalto.

2. Os óleos essenciais não possuem cores extravagantes como roxo, lilás, etc. Somente o óleo de camomila e poucos outros apresentarão a coloração azulada, pois na sua composição, encontra-se o camazuleno, o que lhe confere o tom azulado. Por outro lado a tangerina, laranja e orégão terão a cor alaranjada, o pachouli, a casca de canela e o vetiver a cor marrom e o cedro de Himalaia e a bergamota a cor esverdeada. Nos outros casos, jamais se encontrará óleos com cores que vão além do transparente e do amarelo claro. Normalmente produtos coloridos o são pela adição de anilinas.

3. Óleos essenciais não se dissolvem facilmente na água (são óleos). Se ao pingar uma gota, a água turvar-se de branco, isso é um indício de que o produto é sintético. O óleo natural não se dissolve, costuma boiar porque o seu peso é menor que o da água, ou ir para o fundo como o vetiver ou pachouli que possuem maior peso molecular. Mas cuidado, muitos óleos naturais e sintéticos têm sido adulterados com óleos carregadores e, portanto, apresentarão características semelhantes às dos naturais não misturando-se à água.

4. Produtos com cheiros alterados, com odor de álcool ou óleo de cozinha são produtos adulterados e devem ser deixados de lado, a não ser que sejam vendidos com uma finalidade específica, como uso na massagem, ou rotulados como diluídos, como acontece muitas vezes com os óleo de rosa e jasmim, que por serem muito caros, costumam ser diluídos a uma proporção de 10 ou 20% em óleo de jojoba para o custo ser mais baixo.

5. Óleos naturais jamais irão custar o mesmo preço, pois necessitam de proporções diferentes de matéria-prima da planta para se produzir óleo, assim como, de acordo com seu país de procedência, possuirão preços de custo também diferentes (aí entram também taxas de câmbio, importação e exportação, vigilância sanitária, etc). Por exemplo, para se conseguir 1 litro de óleo de eucalipto globulus, necessita-se aproximadamente de 30kg de folhas. Por outro lado, para se conseguir a mesma quantidade em óleo de rosas (1 litro), gasta-se de 1 a 3 toneladas de pétalas, o que equivale a 1 hectare de plantação de rosas. Daí o seu preço jamais vir a ser o mesmo que o de um óleo de eucalipto.

6. Os óleos naturais duram mais tempo na pele, quando empregados como perfumes ou quando utilizados na massagem, contrário aos sintéticos que não permanecem às vezes mais do que poucas horas. Esta é a grande diferença entre os perfumes franceses que utilizam óleos naturais e os nacionais que usam essências sintéticas. Um perfume francês às vezes chega a manter seu odor sobre a pele até o dia seguinte.

Vale frisar também que existem muitas empresas que colocam o nome científico da planta no rótulo de produtos sintéticos comercializados como naturais, o que nos leva a ver que só o nome científico nem sempre identifica o produto como natural, mas permite saber, no caso de marcas de garantia, de qual espécie de planta foi produzido o óleo, já que alguns possuem marcantes alterações químicas conforme espécie e subespécie.

Jamais se esqueça que, tratando-se de aromaterapia, qualidade é tudo!

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